quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Do instinto paternal


Não há nada no mundo tão intenso quanto o instinto paternal. Ontem, esse mesmo instinto, o tão incoerente e complexo instinto paternal, subiu-me ao nível máximo enquanto ela pedia para irmos todos a casa, para ela mudar de meias (porque as meias dos 101 dálmatas iriam fazê-la sentir-se mais segura). A voz dela, muito sumida, carregada de medo, na sala de espera das urgências do hospital, mais infantil do que nunca. Assim como nunca o meu coração bateu tanto e de tantas formas possíveis e imaginárias e nunca na vida me senti tão pai

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Anda meio mundo a matar melgas e mosquitos


"Mas servem para alguma coisa para além de sugarem sangue, fazerem inflamações de pele e emitirem sons tão irritantes quanto lhes é possível?"

Servem pois. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A little less conversation


Cada vez mais as pessoas falam demasiado e fazem pouco. Nunca foi possível fazer ambas as coisas com alguma responsabilidade à mistura. Ou fazem muito e falam pouco, ou falam muito e fazem pouco. Tentar conciliar ambas as coisas dá sempre um resultado medíocre.

quinta-feira, 26 de julho de 2012


Dos segredos do cérebro


E quase todas as tardes, ao fim do dia, quando fechava o meu gabinete e conduzia até ao ginásio, já sabia que perto de um dos sacos de boxe onde treino, aquele rapaz, que nem vinte e cinco anos deve ter para contar, se sentava a olhar em meditação para o saco de boxe.

Cansado de o ver naquela ilógica postura a fazer lembrar uma estátua realista, perguntaram-lhe como quem lhe cospe para cima:

Então, não atacas o saco? E responde ele a estalar os dedos: venho aqui quase só para me convencer de que faço boxe.

Depois desse dia, nunca mais lá voltou. A vergonha caiu-lhe em cima. Tinha sido descoberto um segredo do cérebro dele.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A tal equação mental


Amar-te faz parte de uma enorme equação mental que se criou no meu cérebro desde o primeiro dia em que te conheci. Vieste com o começo da primavera e trazias, pela lógica natural das coisas e dos momentos, a graça da própria primavera. Eras, portanto, o começo de uma nova estação na minha vida. 
Naquele dia, aquela equação tão complexa que se formou na minha mente ganhou contornos de dimensões estranhas, mas tu tinhas o dom de a transformar em matemática simples. Amar-te era tão simples e lógico (e até mesmo, porque não, matemático). Tinhas todos os componentes necessários para que a equação desse um resultado positivo e jamais se tornasse numa inequação. O nosso amor tornou-se tão certo como a matemática e difícil era, por isso, torná-lo ilógico. 
Tu eras, meu amor, a solução dos números todos. De todas as coisas confusas da minha vida. Eras a solução absurdamente lógica e perfeita de uma reviravolta que, quis o destino, se desse na minha vida. 
Contigo trouxeste a matemática simples de um dia perfeito ao teu lado. Contigo trouxeste primeiro o encanto que te caracteriza e que depressa me deixou embriagado de amor por ti. Depois, numa soma metódica dentro da tal equação, trouxeste a tua personalidade e todas as coisas que te caracterizam e que eu tanto amo. Quantos cálculos foram feitos? Já nem sei. Sei que a tornaste numa coisa complexa, impossível de desvendar completamente, mas fácil de amar. 
Aquela equação mental, aquela tal equação mental que criei, tornou-se tão certa e de impossível erro que cheguei à conclusão, naquele dia, que o resultado era mais do que certo e já nem eram precisos cálculos: fosse qual fosse o resultado, tu serias minha e eu seria teu. 

Sociedades modernas

É incrível como, vendo perfis online, sabemos mais de uma personalidade que um psicólogo ou psiquiatra há alguns anos atrás antes das grandes manipulações complexas da mente. Eu diria que se fez dos perfis online um depósito de personalidades. Muitas vezes tão inconstantes, confusas e exibicionistas que chega a ser incomodativo, por vergonha alheia, assistir a semelhante show off.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Das etapas do amor.


Se algum dia, meu amor, me perguntares como é que posso eu entender a tua tristeza, vou dizer-te a verdade: que a carrego comigo como outra parte perfeita de ti.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Factos estranhos.



Para a nossa fé na sociedade, não há nada mais desolador do que um homem principiar a imitação e tentativa de superação de uma mulher. É o princípio da insanidade masculina e o fim da masculinidade. Seguindo-se a isso, não há nada mais desolador do que uma mulher permitir isso.

Morrer depois de uma vida assim


Não conheci a maior parte da obra dela, com alguma pena minha. Mas os poucos poemas que li dela, deram-me na época (e continuam agora a dar, ao relê-los) a mesma impressão de sempre: que Wislawa Szymborska merecia e bem, o prémio Nobel. Morrer durante o sono, depois de uma vida tão densa, terá sido apenas outra grande aventura.


" AS TRÊS PALAVRAS MAIS ESTRANHAS
Quando pronuncio a palavra Futuro
a primeira sílaba já pertence ao passado.

Quando pronuncio a palavra Silêncio,
destruo-o.

Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não-ser."

Wislawa Szymborska

domingo, 22 de janeiro de 2012

Mudam-se os tempos

 
Os tempos do Stevie Wonder já lá vão, o que é uma pena, em vários sentidos. As músicas não eram tão repetitivas como agora são as músicas que teimam em passar nas rádios e em tornarem-se greatest hits. I just called to say I love you já prometia o declínio, infelizmente, da época dele. Ele bem cantava Don't you worry about a thing..., mas as preocupações acabaram por chegar-lhe cedo.

sábado, 21 de janeiro de 2012

You, only you

 
 
Às vezes lá me perguntam se te amo todos os dias e a todas as horas dos meus dias. A resposta, meu amor, é sempre a mesma e deve cansar quem a ouve: sim, amo-te quando acordas e caminhas pela casa em silêncio, amo-te quando conversas e a maneira como os teus lábios se abrem em sorrisos, quando recebes flores. Amo-te quando as tuas gargalhadas ocupam a casa e quando te deitas no sofá sem saberes a graciosidade que o teu corpo tem.
Amo-te quando estás cansada e tudo o que queres é fechar os olhos por breves segundos e esquecer que o resto do mundo existe. Amo-te até mesmo quando ficas nervosa, com a tua incalculável graça própria de uma mulher que não está habituada a imprevistos. Amo-te quando me escreves bilhetes onde deixas palavras e batom. Ali, num papel branco, a marca perfeita dos teus lábios. Amo-te quando choras e afastas a tristeza e preocupações com a força de um rei. Pobres homens que andaram a fazer monarquias, nunca conheceram a tua força, meu amor.
Amo-te quando me dizes que me amas e quando conversamos durante horas e fingimos que estamos num concerto, de mãos dadas no ar, acabando nós sempre aos sorrisos. Amo as tuas mãos (que mãos perfeitas de mulher) e amo o teu sorriso. Amo quando nos rimos, quando te puxo para mim e te sinto dentro dos meus braços. Amo-te quando me fazes feliz, o que significa, meu amor, que te amo todos os dias.

Já bem vês a razão da minha resposta

sábado, 10 de dezembro de 2011

Factos incompreensíveis


Num dia de jogo, qualquer perfil de facebook tem um, dois, ou três estados sobre o jogo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

É tão fácil perceber mentalidades.


Sai o artigo da SÁBADO sobre o nível de sabedoria/ignorância dos estudantes universitários portugueses e a tendência natural das pessoas foi dividida em duas atitudes divergentes:

1) ficarem incrédulas com algumas respostas daqueles estudantes universitários

2) revoltarem-se contra o intuito das entrevistas, a forma como as imagens foram escolhidas e a imagem generalizada que as entrevistas possam dar

Ora bem, vamos lá separar por partes este aparente quebra-cabeças.

- A clara conclusão que qualquer cidadão português chega, se tiver dois dedos de testa, só poderia ser a seguinte: as respostas erradas mais chocantes seriam precisamente as que dariam corpo ao artigo (se o artigo fosse sobre o elevado nível cultural dos universitários portugueses, apareciam de igual modo só as melhores respostas). Claro que, nesse último caso, mesmo que tivessem acertado só uma em vinte, já não iriam sentir-se ultrajados se só aparecesse no vídeo a resposta certa. Isto é sempre para o lado que dá mais jeito.
No entanto, imagine-se a mesma situação, mas no primeiro ciclo do Ensino Básico. É feito um questionário a cem alunos de diferentes escolas portuguesas.

Aluno X, confrontado com a pergunta 2 + 2, responde 1.

Aluno Y, confrontado com a pergunta "4 é um número ou uma letra?" responde "letra"
Aluno Z, confrontado com a pergunta "as letras a, e, i, o , u são vogais ou consoantes?" e responde "consoantes"

Significa que os alunos X, Y e Z não sabem nada de nada? Não. Significa que todos os alunos portugueses não sabem nada de nada? Não. Significa que, pelo número de respostas erradas, há muitos alunos portugueses no primeiro ciclo que vão para a escola a pensar que estão numa visita de estudo ao parque nacional da brincadeira? Sim.

Este questionário mostraria, por A + B, que efectivamente, existem vários alunos portugueses de primeiro ciclo do ensino básico com uma falta de conhecimentos chocante (por acaso, em termos reais, nem há, que vejo muitas crianças do ensino primário a saberem mais que certas do segundo ciclo). Isto demonstraria uma lacuna na aprendizagem deles e uma óbvia falta de interesse da parte deles para aprender. O questionário mostra todo o conhecimento de todos os alunos do ensino básico primário? Não. Mostra as lacunas que existem e que, apesar de só serem cem, neste caso hipotético, representariam uma probabilidade de, por exemplo, 50 mil alunos, no país. Portanto sim, haveria razões mais que suficientes para nos preocuparmos. Agora, se alguns desses alunos se podiam ter enganado pelos nervos ou por outro factor qualquer? Podiam. Alguns.

Mas aquela outra história de vir dizer que os estudantes universitários, coitadinhos, sabem muito e aquelas respostas foram as piores deles e são o máximo e a entrevista foi uma sacanice que lhes foi feita e só os deixou mal vistos, isso não faz sentido. Isso é partir do pressuposto que aceitamos que todos os técnicos e profissionais do país sejam assim. É aceitarmos que um professor universitário diga que a capital dos Estados Unidos é Inglaterra. Sim, sim, que aqueles alunos vão ter profissões. Isto é um facto, que já tive estudantes desses como novos profissionais a não saberem o que significa a palavra "simbólico" e outros tantos a dizerem que "não se lembram de quase nada".

No entanto, também tenho de dizer que algumas perguntas do questionário não tinham qualquer interesse académico e muito menos podiam ser representativas do conhecimento deles. Uma tristeza.

Resultados da crise


Greves. Greves que se resumem em más decisões e boas intenções. Uma greve não é nem totalmente negativa, nem totalmente positiva. Fica ela por ela. Perdem-se milhões por um lado, encaixam-se milhões do outro. É mais ou menos o que se apelida de tapar um buraco e, para se ir buscar essa areia, faz-se outro buraco relativamente igual.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mais do mesmo.



A revista SÁBADO fez um teste básico a 100 alunos de universidades de Lisboa. Algumas respostas foram um tanto ou quanto surpreendentes, mas enfim.

Exemplos: O símbolo químico da água é PhO; O autor d' Os Maias é Egas Moniz; Capital dos EUA? Inglaterra.; Marlon Brando? Escritor. 

Não me causou surpresa nenhuma. Primeiro, porque as pessoas nervosa só dizem disparates. Segundo, porque muitos deles não deviam mesmo saber nada de nada. Era fácil de perceber.

Para verem o vídeo completo e sentirem uma azia inexplicável, aqui:

" Vox Pop: A ignorância dos nossos Universitários - revista Sábado "


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

À margem

De fora do pensamento fica-me a crise (mais de valores do que monetária, muito embora assim não o pareça), ficam as manifestações a inundarem as ruas de Lisboa. De fora, muito de vez em quando, ficam também os papéis do meu gabinete, as canetas gastas de tanto escrever recomendações, um parecer, uma análise, uma consulta. Ficam os estacionamentos preenchidos até relativamente metade da estrada, os falsos e muitas vezes provocadores moralismos de meio mundo.

Lá, no centro, em lugar de destaque, com um holofote grande a incidir-lhe sobre o longo cabelo que lhe desce pelas costas e nas mãos pousadas sobre o colo, fica-me o olhar dela.

"Uma semana inteira a olhá-la muito em segredo para que nem ela mesmo soubesse que só a cor dos seus olhos enchia a minha solidão". (Miguel Torga - Diário I, 1939)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Happy Birthday, my love


Que o teu aniversário, assim como a vida que conheço ao teu lado, seja um livro de capítulos cheios onde tu possas protagonizar os melhores momentos e que saias sempre deles com a tua graça e o teu encanto de protagonista.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Economias.

Com efeito, tal como pareceu aos nossos antepassados: "é tardia a poupança que começa quando batemos o fundo"; não é apenas ínfimo o que permanece lá em baixo: é também da pior qualidade que há.
Seneca, Ad Lucilium epistola, 1.5.3-5

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

50 milhões de legos (ou: private post)


Sessenta hectares de parque temático. Ou, numa só palavra, LegoLand, na Florida. Abriu e até cidades de lego tem, em ponto pequeno. Miami, New York, Washington, tudo numa visão reduzida para quem gosta de conhecer uma cidade de uma vez só. Eu até calculo quem é que, quando souber disto, me vai pedir para irmos aos Estados Unidos no Natal.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Divisão cerebral.

O meu cérebro (percebi ontem) divide-se contrariamente aos restantes que estudo. Divide-se de uma maneira muito simples e fácil até de entender. De um lado tenho a parte que se interessa, se preocupa e se fascina (um núcleo pequeno mas poderoso por si só) do outro tenho a minha apatia geral (causada pela lacuna de interesse do mundo em que vivemos).

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pretty words.


'Se me apagares os olhos, ainda te posso ver./Tapa-me os ouvidos: ainda/ consigo ouvir-te./ E sem pés, consigo chegar até ao pé de ti./ E sem boca sei ainda invocar-te./ Arranca-me os braços: eu abraço-te/ Com o meu coração como se fosse uma mão./ Pára-me o coração e o meu cérebro baterá./ E se me pegares fogo ao cérebro,/Vou levar-te no meu sangue.'

Reiner Maria Rilke, O livro da peregrinação.

domingo, 16 de outubro de 2011

Red wine.


'A profunda, furiosa e mais de quantas fraterna e humana alegria do vinho. Bebemo-lo em fulgor e em profundidade. O vinho liberta em nós os sentimentos invisíveis. Passa-nos de uma margem para a outra do oculto.' 


Talvez a mim não. Mas ontem lembrei-me desta parte do conto "O Vinho" de As coisas da Alma (de João de Melo). A minha irmã fez-me notoriamente lembrar do Aparício, que 'bebe para chorar. Chora pelo mundo em geral. Não é necessariamente um mundo trágico ou cruel. São lágrimas sinceramente sentidas, eu sei.' 
Surpreendentemente, houve também quem me fizesse lembrar do Fontes, 'quem mais excentricamente vibra com  euforia do vinho [...] Do seu rosto vermelho emergem dois olhos loucos de fogo.'

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Good, good life






Electrified, but specially tenderly drowsy around you.

Pano de fundo.


O argumento de que o ordenado mínimo em Portugal é bastante inferior ao ordenado mínimo dos outros países da Europa anda de boca em boca. Mas porque os países têm diferentes níveis de vida, têm diferentes salários mínimos. Portugal não pode assim ser comparado com outros países (ao contrário do que se gosta de fazer) só podendo ser comparado à Grécia no que respeita ao nível de vida. Dessa comparação nasce a diferença de salários mínimos que, apesar de para algumas pessoas ser revoltante (então andaram a ganhar muito mais que nós a fazer o mesmo?) pode ser reconfortante (porque, apesar de tudo, não temos uma factura maior). E agora, Portugal também pode ser comparado no que respeita ao barco em que ambos os países se enfiaram a querer suar pouco e a receber muito.

Se formos olhar para os países todos da Europa, Portugal é bem capaz de ser o país que mais hipóteses tinha de lucrar com o Euro pela sua competitividade, porque, em termos práticos, países como Itália, Holanda, Suíça e outros que tais, gastam tanto em custos de produção de produtos que acabam por pôr esses mesmos produtos a preços claramente muito superiores aos preços que, por exemplo, Portugal poria.
Assim, uma Itália, Holanda ou Suíça, pega num produto com o qual gasta em produção 1000€ e vende-o por 3000€ (e não têm como contornar isto, porque há salários altos, os tais salários mínimos, há os custos de produção e mais um sem fim de coisas). Portugal, por outro lado, pega no produto, gasta 600€ (não pagou tanto ao trabalhador, claro está) e vende o produto por 2300€.

Não é difícil supor que, no mercado Europeu, a escolha recairia para o produto português (contando que fosse exactamente igual aos outros).

Ora Portugal chegou a um ponto em que não se preocupava muito em produzir e em ter essa margem de lucro e aumentar as vendas. As frotas de pesca quase se evaporaram, as produções nacionais primeiro que cheguem ao estrangeiro é preciso que o Papa dê a benção quase. Fomo-nos assim tornando num país que, sentado numa esplanada, lá faz um esforço para ir adiantando trabalho, enquanto aproveita o sol e manda vir umas bebidas frescas.

Agora as contas chegaram e o papel da conta é tão grande que se desenrola pela esplanada fora.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Encontros imediatos


 Os aeroportos fascinam pela diversidade de pessoas, mas maioritariamente pela diversidade de emoções.

sábado, 8 de outubro de 2011

Esticar uma notícia (e o papel)


Uma notícia repartida em três ou quatro. No Diário de Notícias, sobre o Prémio Nobel. Uma notícia diz-nos que "Prémio Nobel da Literatura para sueco Tomas Transtromer", diz-nos ainda que "Tomas Transtromer é o sétimo autor sueco a receber o Nobel" e ainda que o "Poeta sueco está feliz por receber o Prémio Nobel." Eu também estou feliz (por ele, digo, não por ter de ler três notícias para perceber alguma coisa sobre o mesmíssimo tema). É um bom autor. Principalmente, é um bom poeta.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Primeiro estranha-se, depois entranha-se"


E entranha-se porquê? Porque estamos em Portugal. A Fundação Champalimaud, cujo objectivo era tratar doentes oncológicos provenientes dos nossos hospitais públicos, já fez um ano de existência e ainda não tratou nem um único doente oncológico do Sistema Nacional de Saúde. A causa (que até tinha algum potencial para ser nobre) ficou em stand-by (é uma tendência muito comum das causas à partida nobres) e assim se constrói um sistema solar onde não se possam pôr planetas.

(Também)


Tenho umas quantas novas pastas no meu gabinete que não se compadecem com a minha felicidade. É o grande problema resultante do facto do mundo andar povoado de monstros, porque, já dizia Shakespeare, o Inferno, esse, está vazio.  

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Happiness

A felicidade raras vezes se mede pelo que conseguimos na vida, porque depressa as coisas desaparecem e as pessoas se perdem. A felicidade mede-se pelo que somos quando não poderíamos pedir mais e melhor.

Como perder uma vida em 3 horas de retrospectiva


Nos tempos de adolescente, tive um colega que se sentava de pernas esticadas e cigarro na mão. Via as raparigas irem e virem. Ria-se para elas e fumava o cigarro, um bocado mais cada dia. Ter os dedos amarelos não era sinal de ser um viciado, mas experiente e adulto (achava ele). Ser médico, advogado, jornalista ou professor não era semelhante a nenhum objectivo dele. Lembro-me disto e especialmente hoje, lembro-me bem, ele tinha a infeliz ilusão de que era totalmente livre para fazer o que lhe apetecesse e quisesse da vida. Ele devia de estar certo. Por outras palavras, o que ele achava devia ser a verdade. Mas não era, nem a ilusão lhe valeu de coisa alguma. Em três horas de retrospectiva a pensar na vida dele, naquela ilusão perturbadora de liberdade, suicidou-se hoje.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

" Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se."

Pablo Neruda

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Amanhecer contigo


"You're the very beginning of a beautiful morning and all those things worth living for."

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Aos 33 anos de vida


A nossa história ocupa mais espaço do que todos os meus dias anteriores a ti. Antigamente tinha a pretensão de achar que já tinha vivido muito. Tive até a pretensão de que era feliz. Tudo ilusões, agora que posso comparar o passado e o presente e te vejo tão nítida como parte total da minha felicidade. Porque se tu não existias antes, eu não posso ter sido antes feliz.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A small adjustment


Almoçamos num lugar à tua escolha. Pode ser naquela esplanada onde gostas de almoçar perto do rio.

domingo, 25 de setembro de 2011

"I have the simplest tastes..."


"... I'm always satisfied with the best." Já dizia Oscar Wilde e eu digo-o também nesta fase da minha vida. Não que seja uma necessidade minha, muito menos uma prerrogativa minha, mas tem muito que ver com a minha vida actual. Escolhi assim, andar à deriva com um leme nas mãos, com ou sem intenção e sem ter pensado muito nas consequências (pois nem as conhecia). Mas estou contente por ter escolhido assim porque só assim é que vale a pena. No entretanto, continuo on call...