quinta-feira, 24 de novembro de 2011

É tão fácil perceber mentalidades.


Sai o artigo da SÁBADO sobre o nível de sabedoria/ignorância dos estudantes universitários portugueses e a tendência natural das pessoas foi dividida em duas atitudes divergentes:

1) ficarem incrédulas com algumas respostas daqueles estudantes universitários

2) revoltarem-se contra o intuito das entrevistas, a forma como as imagens foram escolhidas e a imagem generalizada que as entrevistas possam dar

Ora bem, vamos lá separar por partes este aparente quebra-cabeças.

- A clara conclusão que qualquer cidadão português chega, se tiver dois dedos de testa, só poderia ser a seguinte: as respostas erradas mais chocantes seriam precisamente as que dariam corpo ao artigo (se o artigo fosse sobre o elevado nível cultural dos universitários portugueses, apareciam de igual modo só as melhores respostas). Claro que, nesse último caso, mesmo que tivessem acertado só uma em vinte, já não iriam sentir-se ultrajados se só aparecesse no vídeo a resposta certa. Isto é sempre para o lado que dá mais jeito.
No entanto, imagine-se a mesma situação, mas no primeiro ciclo do Ensino Básico. É feito um questionário a cem alunos de diferentes escolas portuguesas.

Aluno X, confrontado com a pergunta 2 + 2, responde 1.

Aluno Y, confrontado com a pergunta "4 é um número ou uma letra?" responde "letra"
Aluno Z, confrontado com a pergunta "as letras a, e, i, o , u são vogais ou consoantes?" e responde "consoantes"

Significa que os alunos X, Y e Z não sabem nada de nada? Não. Significa que todos os alunos portugueses não sabem nada de nada? Não. Significa que, pelo número de respostas erradas, há muitos alunos portugueses no primeiro ciclo que vão para a escola a pensar que estão numa visita de estudo ao parque nacional da brincadeira? Sim.

Este questionário mostraria, por A + B, que efectivamente, existem vários alunos portugueses de primeiro ciclo do ensino básico com uma falta de conhecimentos chocante (por acaso, em termos reais, nem há, que vejo muitas crianças do ensino primário a saberem mais que certas do segundo ciclo). Isto demonstraria uma lacuna na aprendizagem deles e uma óbvia falta de interesse da parte deles para aprender. O questionário mostra todo o conhecimento de todos os alunos do ensino básico primário? Não. Mostra as lacunas que existem e que, apesar de só serem cem, neste caso hipotético, representariam uma probabilidade de, por exemplo, 50 mil alunos, no país. Portanto sim, haveria razões mais que suficientes para nos preocuparmos. Agora, se alguns desses alunos se podiam ter enganado pelos nervos ou por outro factor qualquer? Podiam. Alguns.

Mas aquela outra história de vir dizer que os estudantes universitários, coitadinhos, sabem muito e aquelas respostas foram as piores deles e são o máximo e a entrevista foi uma sacanice que lhes foi feita e só os deixou mal vistos, isso não faz sentido. Isso é partir do pressuposto que aceitamos que todos os técnicos e profissionais do país sejam assim. É aceitarmos que um professor universitário diga que a capital dos Estados Unidos é Inglaterra. Sim, sim, que aqueles alunos vão ter profissões. Isto é um facto, que já tive estudantes desses como novos profissionais a não saberem o que significa a palavra "simbólico" e outros tantos a dizerem que "não se lembram de quase nada".

No entanto, também tenho de dizer que algumas perguntas do questionário não tinham qualquer interesse académico e muito menos podiam ser representativas do conhecimento deles. Uma tristeza.

Resultados da crise


Greves. Greves que se resumem em más decisões e boas intenções. Uma greve não é nem totalmente negativa, nem totalmente positiva. Fica ela por ela. Perdem-se milhões por um lado, encaixam-se milhões do outro. É mais ou menos o que se apelida de tapar um buraco e, para se ir buscar essa areia, faz-se outro buraco relativamente igual.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mais do mesmo.



A revista SÁBADO fez um teste básico a 100 alunos de universidades de Lisboa. Algumas respostas foram um tanto ou quanto surpreendentes, mas enfim.

Exemplos: O símbolo químico da água é PhO; O autor d' Os Maias é Egas Moniz; Capital dos EUA? Inglaterra.; Marlon Brando? Escritor. 

Não me causou surpresa nenhuma. Primeiro, porque as pessoas nervosa só dizem disparates. Segundo, porque muitos deles não deviam mesmo saber nada de nada. Era fácil de perceber.

Para verem o vídeo completo e sentirem uma azia inexplicável, aqui:

" Vox Pop: A ignorância dos nossos Universitários - revista Sábado "


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

À margem

De fora do pensamento fica-me a crise (mais de valores do que monetária, muito embora assim não o pareça), ficam as manifestações a inundarem as ruas de Lisboa. De fora, muito de vez em quando, ficam também os papéis do meu gabinete, as canetas gastas de tanto escrever recomendações, um parecer, uma análise, uma consulta. Ficam os estacionamentos preenchidos até relativamente metade da estrada, os falsos e muitas vezes provocadores moralismos de meio mundo.

Lá, no centro, em lugar de destaque, com um holofote grande a incidir-lhe sobre o longo cabelo que lhe desce pelas costas e nas mãos pousadas sobre o colo, fica-me o olhar dela.

"Uma semana inteira a olhá-la muito em segredo para que nem ela mesmo soubesse que só a cor dos seus olhos enchia a minha solidão". (Miguel Torga - Diário I, 1939)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Happy Birthday, my love


Que o teu aniversário, assim como a vida que conheço ao teu lado, seja um livro de capítulos cheios onde tu possas protagonizar os melhores momentos e que saias sempre deles com a tua graça e o teu encanto de protagonista.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Economias.

Com efeito, tal como pareceu aos nossos antepassados: "é tardia a poupança que começa quando batemos o fundo"; não é apenas ínfimo o que permanece lá em baixo: é também da pior qualidade que há.
Seneca, Ad Lucilium epistola, 1.5.3-5